quarta-feira, 10 de novembro de 2010

D - esc - o -mpa - s -so

Vivo no descompasso.
É fácil saber quando se passa assim.
A essência nunca condiz com as circunstâncias.
Está sempre à frente ou muito à frente ou atrás.
Se alguém surge do lado, não há o que compartilhar; apenas uma certeza mútua.
É quando a música perde o ritmo; a matemática perde a razão.
É quando o mundo perde a sincronia que imaginamos existir.
É fácil perceber.
Num breve instante perde-se de vista o caminho; 
E seguir à direita ou esquerda; ir para frente ou retornar, fazem todos o mesmo sentido; ou seja, nenhum.
É quando o pôr ou nascer do sol representam  a mesma coisa.
O mundo perde a linha.
Linha que divide o sim do não; o certo do errado; o solitário do que vive em multidão.
Linha que deixa de ser e se torna ou vasto ponto de exclamação!
Alguém diz: "tudo é relativo"; e é no relativo do ser que caminhamos no fio estreito do viver.
Somente isso. Viver.
E ser capaz de desvendar os mistérios do saber.
Saber para viver. Ou seria, Viver para saber? Quem sabe?
Só sei que meu descompasso entra em passo quando o mundo deixa de ser e eu passo a existir.
Existir para mim mesma, e só.
Descubro então, que basta entender que não existo para o mundo, e sim ele para mim.
É quando não importa se nada sou. Importa sim para quem sou. Se sou para mim então posso ser ninguém e ser muito mais que alguém no mundo.
É quando o julgar se torna mais que relativo.
Se torna tão infindo quanto as certezas do que se passa antes da linha do existir.
Passo assim a viver meu compasso num passo certeiro de quem se vê no comando.
E visto de fora, o mundo inteiro aplaude ou ignora; mas, deixando-me livre para ser meu ninguém afora.

Sou só assim;
Um alguém fora de hora.
Nada mais!
Talvez, assim deva ser!

Vânia Matos

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