segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Olhar para trás

Durante esses dias últimos, tenho vivido transformações difíceis de explicar. Não são novas, mas são assutadoras e atraentes. Na verdade sinto que finalmente cheguei diante de escolhas que outrora eram desejos profundos, mas opções distantes.

Me deslumbro ao observar a forma de Deus agir em sua bondade, misericórdia e poder. Sim, é deslumbrante porque se sentimos nossas dificuldades uma vez humanos, Ele também, uma vez Soberano, necessita de estratégias para nos colocar no centro da Sua vontade. E só é possível imaginar essa forma do Seu agir crendo que realmente Ele nos dá a liberdade de escolhas. Ele nos dá o poder de decidirmos. Ele nos dá o tão falado livre arbítrio. E como Sua palavra afirma, "Ele não é homem, para que minta, nem filho do homem, para que se arrependa"; ou seja, NUNCA Ele tomará de volta aquilo que nos deu. Nunca dirá à alguém: "a você não darei o livre arbítrio". O que me encanta é que Ele cria sentimentos, desejos e sonhos dentro de nós que nos levam ao ponto da entrega. Ele usa estratégias de amor.

Essa semana passada fui surpreendida por um versículo que saltou à minha mente enquanto eu questionava algumas coisas à esse respeito. Lucas 9.62 diz que "quem põe a mão no arado e olha para trás, não está apto para o Reino de Deus". Meu Deus!!! Fiquei abismada!

Conheço não poucas pessoas, que hoje, não compreendo em que rota vivem. Sim, para mim estão perdidas em seus caminhos. E o que é pior, para algumas delas, o tempo está acabando; E ainda precisam reencontrar o ponto de partida; E ainda precisam percorrer toda a estrada; E ainda precisam decidir; E não sabem mais se ainda dará tempo. Ao meu ver, estão "sem mel e sem cabaça". Não usufluem de seu livre arbítrio, nem do de Deus. Não constroem tesouros para esta vida, nem para a eterna. Seus projetos se confudiram. Pegaram atalhos. Olharam para trás.

Certamente eu não desejo "está na pele" de nenhuma dessas pessoas. Foi pensando nelas que esse versículo passou a ter mais sentido do que as palavras podem explicar. "O olhar para trás". Que expressão!!! Jesus foi muito enfático. Lendo o contexto dá pra perceber verdades muito claras. É interessante que Ele diz: "Não está apto para meu Reino". Isso me faz concluir que todos estão aptos [contrariando os que se imaginam inúteis], menos os que olham para trás.

Imagino que se somos todos "chamados", a diferença não está entre os que ouvem a convocação e os que não ouvem; mas sim, entre os que seguem e os que não seguem, dentre os que ouvem. Os que não ouvem estão livres de qualquer problema do tipo: "você não está apto". Já os que ouvem a voz, o chamado, a convocação... estão marcados por, inicialmente, crises de identidade. Claro que sim! Quem não "entra em parafuso" tendo que se fundir à uma outra pessoa? Tendo que conciliar seus sonhos e caminhos aos de outra pessoa? Tendo que fundir sua mente à de alguém? Viver como Ele? Pensar como Ele? Agir como Ele? Amar como Ele? Caminhar como Ele? E dizer como Paulo: "Não mais vivo eu, Cristo vivem em mim"?

Mas, e o olhar para trás? Imagino a seguinte cena. Alguém caminhando em um caminho. Encontrando com Jesus. ouvindo Seu Chamado. Dizendo sim. Começa então a jornada. E aí, vem outros chamados. Outras vozes. Outros caminhos. Personagens. Situações. Circusntâncias. Distrações. Preocupações. Jesus não parou. Ele tem uma missão.

Ninguém é tomado a força para o Reino. Essa é uma decisão que pertence a cada um. Ele apenas convida; mas deixa claro... Não pode olhar para trás. É a única exigência. Ao contrário, não está apto. Não chegará ao destino. Não alcançará o desígnio.



Um comentário:

  1. Parabéns em dobro, Vânia! Além de ser uma poetisa, vc tb mostra seus dotes em uma dissertação consistente, de ideias e raciocínio coerentes e inserida na sua realidade de vida hoje. Falar do que se vive ou do que se imagina viver é bem mais fácil do que falar sobre ficção. Mais uma vez, digo: Vc tem potencial! Não desista de buscar o Reino como a tesouro escondido, pois quem tem um tesouro pela frente, esse não tem motivos de olhar para trás...Tenho aprendido isso e tenho visto, ao longo da caminhada, que realmente não vale a pena largar o arado.

    ResponderExcluir